Criação de peixes em cativeiro desponta como alternativa à sazonalidade da pesca artesanal
Com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) de Belém, agricultores da Ilha de Cotijuba, distrito da capital, organizam-se para, depois da quarentena provocada pelo novo coronavírus, começar a abastecer o turismo do balneário com peixes criados em cativeiro.
Apesar de a tradição da pesca artesanal na Baía do Guajará continuar sendo fonte de renda e segurança alimentar para as famílias, a piscicultura é uma atividade de desenvolvimento recente em Cotijuba. “Porém de muito potencial”, ressalva o técnico em aquicultura da Emater Ryan Anderson Carneiro.
“A idéia não é concorrer com a pesca, mas diversificar e complementar. A pesca depende de sazonalidades, já a piscicultura é uma cadeia produtiva programável. Fora que nosso foco são espécies como tambaqui e tambacu e o que se pesca por lá é bagre, pescada. A piscicultura amplia o leque”, comenta Ryan.
Pelo menos 11 famílias já participam da proposta. “Nosso interesse em piscicultura faz é tempo. Agora estamos tendo a oportunidade de realmente levar adiante”, aponta Maria Nely Pereira, 69, da Praia da Saudade.
O incentivo iniciou com projetos em parceria com outras entidades que possibilitaram capacitação, e fornecimento de alevinos e ração. A Emater, por sua vez, realiza o levantamento de dados sobre as estruturas que já existem, como tanques escavados, para direcionar o atendimento e efetivar políticas públicas, como crédito rural.
Junto com o marido, João Nildo, 74, e dois filhos (Nilton, 44, e Nilcely, 46), Maria Nely empreende sobre as duas propriedades da família: Chácara Ipê (terra firme) e Sítio Manaim (várzea). No total, são mais de cinco hectares com plantio de cacau, plantio e extrativismo de açaí, plantio de madeira-de-lei (mogno africano e ipê), criação de galinha caipira, criação de porcos e cinco tanques (escavados e de PVC), com cerca de mil tilápias, 400 tambaquis e alguns camarões regionais. O neto, Diego Sérgio, 24, também se envolve com o trabalho no campo, sob a devida adequação para pessoa com deficiência.
O acompanhamento da Emater auxilia em desafios como reforma dos tanques e cálculo ideal de nutrição dos peixes: “Fazer sozinho é se aventurar. Logo que iniciamos, perdemos 800 tambaquis, acredito que por erro na hora de alimentar. Além disso, precisamos melhorar os tanques, rever a bomba de aeração, para evitar vazamentos e controlar a qualidade da água. A parceria da Emater faz toda a diferença. Queremos nos profissionalizar de verdade”, finaliza Maria.
Fonte: https://agenciapara.com.br