Antes de elegermos uma espécie de peixe para criação devemos levar em conta que estamos lidando com animais e que estes animais aquáticos, tanto quanto animais terrestres, têm suas peculiaridades. Desde a fase larval existem características anatômicas e fisiológicas que possibilitam aos peixes diferenciarem-se de outros do ponto de vista nutricional.
Existem estruturas nas brânquias das pós-larvas, uma das primeiras fases de vida dos peixes, denominadas ráfias, são como pentes que permitem aos animais filtrarem os pequenos seres microscópicos existentes na água denominados plânctons. Todas as espécies de peixes alimentam-se desta forma em sua fase inicial. A importância desta dieta natural perdura mais ou menos tempo, dependendo da espécie, durante o resto da vida, nas espécies carnívoras estas ráfias deixam de existir, pois a alimentação baseia-se principalmente nas presas que conseguem capturar, e nas espécies em que estas estruturas permanecem funcionais, o plâncton continua a fazer parte da sua alimentação. É o caso das tilápias que, por esse motivo, é uma das espécies que são denominadas de filtradoras.
A implicação do exposto acima é que, nas espécies filtradoras, podemos dispor desta alimentação natural para diminuirmos o custo de produção. Neste ponto podemos levar em consideração que, dependendo do sistema de produção, temos maior ou menor disponibilidade de alimento natural para as espécies aquáticas, mesmo aquelas que não são filtradoras.
Os sistemas de produção podem ter maior ou menor disponibilidade de alimento, nutrientes, ou mesmo oxigênio conforme a taxa de renovação de água nos mesmos. Quanto maior a taxa de renovação de água menor a possibilidade dos peixes alimentarem-se naturalmente ou seja devemos fornecer a eles uma alimentação artificial mais completa. Por outro lado devemos prever que o oxigênio presente na água, bem como a lavagem dos dejetos produzidos pelos peixes é limitada pela lotação que se pode ter em um determinado espaço em sistemas de exploração comercial, pois a qualidade da água é de fundamental importância para a sobrevivência dos peixes. Em outras palavras, no tocante à alimentação em sistemas de produção de alto-fluxo as empresas especializadas obrigam-se a projetar rações que disponibilizem todos os nutrientes que o animal precisa pois será a única fonte de nutrientes disponível aos animais. Portanto a eleição de uma dieta torna-se importante na adequação ao sistema de produção possível ou desejável.
Os parâmetros de qualidade de água (oxigênio dissolvido, pH, amônia, dureza, condutividade, temperatura, alcalinidade, gás carbônico, nitrito e turbidez) estão diretamente relacionados ao bem estar que os peixes têm dentro do seu ambiente. A piscicultura tem conseguido evoluir bastante devido aos estudos destes parâmetros. Devemos encarar que os sistemas aquáticos devem ser entendidos como sistemas complexos e que cada um destes parâmetros está intrinsecamente associado a outro, e que os organismos vivos aí inseridos estão sujeitos à influencia que estes parâmetros podem exercer, bem como a presença do próprio homem, tudo isso é fator estressante para eles, devemos minimizar através do manejo estas fontes de estresse para aproveitarmos todo o potencial que a atividade pode nos conceder. Cada espécie tem suas particularidades neste tocante, suportando taxas mínimas e máximas de cada um destes parâmetros, adequando-se à uma ou outra
Imaginemos, por exemplo, que os dejetos não sejam retirados de alguma forma do ambiente. Por melhor que seja a ração é evidente que algo vai ser excretado, senão teríamos uma conversão alimentar de 1:1 (cada kg de alimento seria convertido em 1kg de peso vivo do animal) isso seria perfeito mas existem características no alimento que indisponibilizam pelo menos uma parte para o animal, pois então, se esse material que é excretado e vai para o fundo do tanque existem bactérias que irão utilizar-se deste “alimento” e consumirão também oxigênio. Outrossim, imaginemos nossa casa sem um sistema de saneamento, em pouco tempo estaríamos afundados em dejetos. Neste ponto existem implicações ambientais também relacionadas aos parâmetros de qualidade de água que devem também serem previstos para que a atividade tenha uma posição politicamente correta e auto-sustentável.
No tocante à reprodução, hoje adotam-se sistemas de indução hormonal tanto para desova de peixes de piracema, aqueles que só entram em reprodução se subirem corredeira, quanto para reversão sexual , que induz à manifestação fenotípica de 99% da ninhada como machos, que têm maior desempenho no ganho de peso.
Fonte: http://www.ruralnews.com.br