Um dos peixes com presença certa nos cardápios de restaurantes de comida caseira no interior do Brasil é o lambari. Espécie popular espalhada pelos rios brasileiros, ele é um peixe de escamas, com corpo alongado e pouco comprimido, considerado uma boa alternativa para o cultivo em sítios e em propriedades rurais de pequeno porte.
Peixe das águas doces das bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins, do São Francisco, do Prata e do Atlântico Sul, o lambari tem carne saborosa e bem aceita pelos consumidores. Pode ser adquirido em corte de filé ou ainda enlatado, defumado e salgado. Vivo, ele é vendido para o comércio de pesque e pague, onde é utilizado como isca para pescar outros peixes. Os menores e mais coloridos também podem ser criados para fins ornamentais.
Entre as muitas espécies existentes, o lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax altiparanae) é o que conta com maiores vantagens econômicas para o cultivo. Também chamado de tambiú, esse peixe tem crescimento rápido: leva apenas quatro meses para atingir sete centímetros e peso de 20 a 50 gramas, medidas adequadas para iniciar a comercialização.
Além disso, essa espécie é de fácil reprodução e gera larvas e alevinos com boa resistência para sobreviver à fase delicada dos primeiros dias de vida.
Os lambaris não dão muito trabalho com a alimentação, pois são onívoros, ou seja, comem de tudo. Gostam de vegetais, desovas e larvas de outros peixes, insetos, crustáceos, sementes, flores, frutas e algas. Também não dispensam rações balanceadas.
Características
O lambari (Astyanax spp.) é um peixe de água doce, ligeiro e pequeno, que raramente ultrapassa 20 centímetros de comprimento. Vive em lagos, rios e represas e se alimenta tanto de animais quanto de vegetais. Há muitas espécies conhecidas como lambari no interior do Brasil. Possuem coloração variada e algumas delas são bastante coloridas.
Investimentos
A princípio, o investimento necessário para iniciar a criação de lambaris parece elevado. Porém, é preciso levar em conta que os cálculos são realizados para o período de um trimestre, prazo em que os pequenos peixes já estão prontos para a comercialização. Os lambaris podem ser vendidos como iscas-vivas a 20 centavos de real cada, ou por três reais a bandeja com 250 gramas para bares, restaurantes e lanchonetes.
• Investimento – 8.500 reais para uma criação inicial de 50 mil alevinos (com a existência de viveiro de mil metros quadrados na propriedade)
• Equipamentos – 1.500 reais (rede, puçá e balança)
Instalações – três mil reais para a construção de um tanque de mil metros quadrados
• Preço dos lambaris – 100 reais o milheiro de alevinos
• Capital de giro – três mil reais para o trimestre
• Ração – dois mil reais ao longo dos três meses
• Tempo de retorno – com viveiro pronto na propriedade, a partir do terceiro mês
• Onde adquirir – Piscicultura São Jerônimo (11) 4039-2125; Piscicultura Dinamarca (11) 6197-2823; mais informações na Abracoa (11) 3672-8274.
• Área necessária – mil metros quadrados de viveiro, com 50 alevinos por metro quadrado
• Construção – terraplanagem, tubos plásticos, tijolos, grama
• Reprodução – a partir do quarto mês, durante a primavera e verão
• Clima – quente
• Doenças comuns – são raras quando a água é de boa qualidade
• Tratos veterinários – é necessária a presença de um profissional
Mãos à obra
Uma característica importante para a criação comercial do lambari é sua capacidade de crescimento rápido. Os exemplares atingem a maturidade sexual em quatro meses, quando os machos medem de sete a nove centímetros e as fêmeas, de nove a 12 centímetros. A temperatura de 26 a 28 graus é ideal para iniciar o ciclo reprodutivo dos lambaris, que vai de agosto até março.
• Uma alternativa na geração de filhotes é a reprodução induzida. Por meio de uma injeção, são aplicados hormônios nos peixes para estimular a desova. A prática permite ao criador fazer um manejo controlado, além de facilitar a produção na alevinagem e engorda.
• Compre os lambaris em locais com referência, para garantir a qualidade dos peixes. É recomendado cultivá-los em viveiros retangulares, de terra, com tamanho variando entre 500 e mil metros quadrados e dotados de equipamentos para a renovação da água. Os tanques precisam ser previamente adubados, calcareados, com água tendendo para o teor alcalino (pH de 6,5 a 8). Solte na água cerca de dez adultos por metro quadrado, na proporção de três machos para cada fêmea. Espalhe aguapés no ambiente, de maneira que ocupem 10% da superfície. As plantas irão abrigar as larvas e alevinos (foto).
• Para evitar a predação dos filhotes pelos adultos, deve-se realizar a despesca seletiva e a separação dos peixes por tamanho. Ao atingirem um centímetro, transfira os alevinos para outro tanque na proporção de 100 exemplares por metro quadrado; em um mês, eles chegarão à fase juvenil, com cerca de quatro centímetros. Até a despesca final, crie-os na densidade de 50 juvenis por metro quadrado.
• Utilize ração balanceada em pó ou triturada, com teor de proteína bruta de 38% a 40%. Três vezes ao dia, ofereça aos peixes o equivalente a 5% do peso vivo dos peixes. Aos 20 dias de engorda, passe a dar ração extrusada. Umedeça a alimentação até o ponto em que se molde ao formato da mão, para evitar a dispersão da comida na água.
Dicas
É importante limpar os tanques antes de introduzir os peixes no novo ambiente, a fim de eliminar a existência de ovos de traíra ou de outros peixes predadores. Deixe a área receber os raios solares para ajudar na oxidação da matéria orgânica presente no fundo.
Monitore diariamente pela manhã e pelo final da tarde a oxigenação da água. Se estiver abaixo de quatro miligramas por litro, significa que o arraçoamento deve ser reduzido. Forneça menos alimentos para evitar o excesso de excrementos liberados na água e a queda do nível do oxigênio, o que permite a proliferação de parasitas e bactérias.
Fonte: http://revistagloborural.globo.com