Emilio Barletta Neto, pescador, comerciante e palestrante, reflete sobre a questão
Primeiro: pergunte-se quantos açougues tem em seu bairro e depois tente contar quantas peixarias há na mesma região? Emilio Barletta Neto, pescador, comerciante e palestrante, reflete sobre a questão no artigo “Por que estão fechando as peixarias?” Conforme ele, temos diversos motivos para elencar: começando por leis criadas por “neófitos” no assunto, sem amplo estudo ou debates.
Também não houve consideração da opinião de pescadores experientes, tampouco seus diários de bordo. Ainda podemos acrescentar à lista inúmeros outros motivos, como a falta de uma política abrangente voltada para o setor – incluindo a piscicultura em áreas marítimas – diversidade de segmentos, infinitos impostos diferenciados por estados e produtos, instabilidade no fornecimento de pescado fresco, falta de observação sobre o setor por parte da grande mídia e etc.
Para ele, não é de hoje que as peixarias estão acabando – tanto nos bairros como nos supermercados. ‘É um ciclo que, infelizmente, não se vê um trabalho para reverter. As peixarias de rua ficaram sem espaço nos últimos anos e por diversos motivos”, falou.
A lista de motivos é grande: por falta de mais profissionais, diversos proprietários de peixarias de rua tiveram que cumprir dupla jornada e depois precisam passar a madrugada na Ceagesp. Ainda têm os aluguéis altos, falta de propaganda positiva por parte da grande mídia e mais uma série de outros fatores.
á no caso dos supermercados, segundo ele, a ausência da peixaria fresca é um assunto bem mais abrangente. Com o fechamento dos estabelecimentos de rua, as redes de supermercados ainda não entenderam que se um cliente quiser pescado fresco, vai precisar comprar em uma loja com peixaria fresca – e isso é um diferencial.
“Diversas redes não visualizam que o foco deste setor é agregar clientes para dentro das lojas, fazendo com que seu ticket de compra contenha diversos produtos concomitantes com pescado frescos, mas isso só irá ocorrer se a seção conseguir a confiança do cliente. Infelizmente, o panorama visto é o inverso”, falou.
Ele destaca o despreparo visto em diversos locais, como os funcionários sem treinamento básico de atendimento. “Uma vez assisti em uma loja de rede tida como boa uma cliente pedir filé de tilápia e a atendente respondeu que que não tinha.
Na minha frente estava uma montanha de filé de St Peter, ou seja, a funcionária não sabia o que está vendendo”, destacou. “Os mercados estão deixando de ganhar muito dinheiro achando que quanto menos funcionários tiverem em uma peixaria, melhor vai ser, mas é exatamente o contrário, este é um dos poucos setores da nossa economia que tem um grande espaço para crescer, mas ninguém percebeu isso ainda”, completou.
Conforme Barletta, o fornecedor de pescado fresco é a chave para o sucesso da seção. “Algumas redes desconhecem que existe uma grande diferença entre os fornecedores porque quem está à frente do setor imagina que por estar sendo abastecido diariamente já está bom, mas este ‘bom’ é insuficiente para manter as peixarias funcionando”, falou. E ainda porque ele não comentou sobre as redes que possuem plataformas de recebimentos de pescado.
Mas, reforça a necessidade dos responsáveis em conhecerem mais sobre os tipos de embarcações e descarga de pescado. E ainda ressalta que a administração da seção de pescado é uma ciência. “Ou se conhece a fórmula ou assistimos o que está ocorrendo atualmente”, concluiu.
Fonte: http://www.seafoodbrasil.com.br