É de amplo conhecimento que a ração representa o principal elemento de custo na produção do camarão. No caso de uma fábrica de ração, os ingredientes e aditivos compõem mais de 80% do custo final de uma ração balanceada. Os outros gastos estão associados a fabricação, embalagem, distribuição, despesas gerais e administrativas, além de marketing, pesquisa e desenvolvimento. Para exemplificar, a fórmula de uma ração para engorda de camarão pode apresentar a seguinte composição: 36% de farelo de soja, 12% de farinha de peixe, 5% de farinha de aves, 3% de farinha de lula e 1,4% de farinha de glúten de milho. Essas matérias-primas são usadas principalmente para atender um nível mínimo de proteína bruta que é geralmente de cerca de 35% para as rações de engorda.
Além disso, são adicionados a fórmula 27% de farinha de trigo junto com 6% de arroz quebrado como fontes de amido para promover uma boa estabilidade física na água. As fórmulas para camarão não contêm muito óleo, geralmente um pouco de óleo de peixe para suprir os ácidos graxos insaturados de cadeia longa que o camarão precisa e lecitina de soja como fonte de fosfolipídios. Portanto, com base neste exemplo, é possível verificar que a maior parte da formulação, 57,41%, é composta por ingredientes proteicos (Tabela 1). Esses respondem por 2/3 do custo total da fórmula, sendo exatamente essas matérias-primas que sofreram o maior aumento de preços desde o surgimento do SARS-CoV-2.
Fonte: Alberto J. P. Nunes. LABOMAR – Instituto de Ciências do Mar – Universidade do Ceará