Queda de oxigênio em águas do Pantanal causa morte de peixes

Dequada foi identificada pela Embrapa Pantanal desde janeiro

Peixes mortos em baía; morte foi causada provavelmente por decoada - Reprodução
Peixes mortos em baía; morte foi causada provavelmente por decoada – Reprodução

A Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) confirmou nesta quinta-feira (7) que o rio Paraguai e seus afluentes passam por processo moderado de dequada (também chamada de decoada), neste ano.

Apesar de peixes morrerem com esse evento, a situação avaliada como moderada não deve ocasionar grande mortandade.

Em uma das últimas medições foi identificado dois miligramas de oxigênio por litro de água no rio Paraguai, nível bem abaixo dos seis miligramas normalmente encontrados, mas distante de nível crítico, como o que ocorreu em 2013, quando foi identificado 0,3 miligrama por litro de água.

O Portal Correio do Estado recebeu vídeo que mostra uma situação típica de decoada no Pantanal. É possível ver peixes grandes, principalmente arraias, na margem do rio boqueando (procurando oxigênio na interface ar-água). Outros já estão mortos.

O local onde foi filmado a cena não foi divulgado e também não foi possível identificar com precisão se o caso foi registrado recentemente.

A pesquisadora da Embrapa Pantanal, Márcia Divina de Oliveira, confirmou que o registro é de uma situação de decoada e que estudos feitos mensalmente no rio Paraguai confirmaram o fenômeno ocorrendo desde janeiro deste ano.

“Tivemos registro, mas nada muito forte. Às vezes acontece em baías, mas não estou vendo muitas ocorrências. Tem anos que você vê mais. Aparentemente neste ano está acontecendo de forma mais isolada”, explicou a bióloga e especialista na área de ecologia aquática.

ÁREAS DE MAIOR INCIDÊNCIA

Estudo chamado de “Mapeamento e descrição das áreas de ocorrência dos eventos de decoada no Pantanal”, de maio de 2013, identificou que a alta ocorrência do fenômeno é presenciada no rio Miranda, na região de Albuquerque (distrito de Corumbá, cidade que fica a 444 quilômetros de Campo Grande) e em trecho final do rio Negro.

A pesquisadora orientou que quem identificar situação de decoada deve entrar em contato com a empresa pelo telefone (67) 3234-5800 e procurar falar com algum dos pesquisadores para informar o local. A comunicação é mais para objetivos de estudo do que de fiscalização.

O QUE É

Conforme o levantamento da Embrapa instalada em Corumbá, que acompanha esse evento há mais de 20 anos, a decoada ou dequada “é o nome popular que se dá no Pantanal aos eventos anuais de alteração natural da qualidade da água durante fase hidrológica de enchente”.

Quando a cheia termina, a vegetação aquática morre e a terrestre recompõem-se de forma rápida. Em uma nova inundação, novamente a planície fica submersa e a matéria orgânica entra em contato com a água e passa a se decompor.

Com o volume crescente da cheia, esse material vai se movimentando até ser levado para os rios. Isso causa mudança do pH da água e diminui o oxigênio presente. A cor também muda e passa a ficar transparente ou parecida com coloração de “chá”.

Fonte: http://www.correiodoestado.com.br/