Restrições de oferta lideradas pela China aumentam os preços globais de frutos do mar em 20%

A demanda global crescente de frutos do mar e a desaceleração no crescimento da produção da aquicultura, especialmente na China – o líder mundial em produção destes produtos – levarão a uma década de preços altos, antecipa a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)

Em 2016, a produção na piscicultura atingiu um recorde histórico de 171 milhões de tonelada (MT), com a pesca e a aquicultura respondendo a 53% e 47% respectivamente. Do total, 88%, ou 151 milhões de toneladas, foram diretamente para o consumo humano. A pesca foi responsável por 90.9 milhões de tonelada, enquanto a aquicultura forneceu 80 milhões MT. Porém, a contribuição de espécies cultivadas para o nosso consumo é maior que a de animais pescados.

Com base na alta demanda e os melhoramentos tecnológicos, podemos afirmar que é esperado que a produção global continuem a crescer, alcançando 201 milhões MT até 2030. Embora isso represente um crescimento de 18%, ou 30 milhões MT em 2016, o resultado corresponde a um crescimento anual de apenas 1% para o período de 2016-2030, comparado com os 2.3% de 2003-2016.

Até 2030, a FAO espera que a produção de pescado alcance cerca de 91 milhões MT, apenas 1% maior que em 2016. A previsão é de que os fatores influenciando esse crescimento limitado incluam uma queda de 17% na captura de pescados na China, causados pela implementação de novas políticas, que conta com o aumento na pesca em algumas regiões para compensar esse valor. Em relação à isso, um maior desembarque realizado por áreas de pesca onde algumas espécies estão se recuperando, devido a um melhor gerenciamento, é esperado pela Entidade. Assim como um aumento nos poucos países em que a pesca é subaproveitada ou onde as leis de piscicultura são menos restritivas.

Além disso, a FAO acredita que existirá um melhor aproveitamento da produção, incluindo a redução de descartes a bordo, desperdício e perdas causadas por legislação ou alto preço do mercado. Porém, ela também reconhece que em alguns anos o fenômeno El Niño poderá reduzir a pesca na América do Sul, especialmente de anchovas, resultando em uma queda mundial de 2% na produção nesse período.

A expectativa é de que a aquicultura seja o principal contribuinte para o aumento na produção total, segmento que espera alcançar 109 milhões de toneladas em 2030, um aumento de até 37% em relação a 2016. Porém, também é estimado que o crescimento anual da aquicultura desacelerará de 5.7%, visto em 2003-2016, para 2.1% previsto para o período de 2017-2030. Isso acontecerá principalmente por causa da queda no crescimento da produção na aquicultura chinesa, mesmo que isso seja compensado pelo aumento em outros países.

De acordo com a FAO, a queda na produção de pescado e aquicultura chinesa vai incentivar o aumento de preços na China, resultando em um “efeito dominó” no mercado mundial. O aumento no preço médio do peixe de cultivo (19% em relação ao período projetado) será maior que a da pesca para consumo humano (17%). Combinado com a alta demanda por pescado, estes preços altos vão causar um aumento de 25% no preço médio do peixe comercializado internacionalmente até 2030, em relação a 2016.

Portanto, é esperado que o preço do peixe para consumo e o óleo de peixe continue crescendo no período projetado, com uma expectativa de 20% e 16% de crescimento em termos nominais como resultado da demanda global. A FAO também supõe que o preço elevado do alimento dos animais também cause um impacto no futuro das espécies que compõe a aquicultura, com uma mudança em direção a peixes que necessitem de uma ração de menor preço ou menos quantidade, ou até nenhuma ração.

Em termos reais, ajustado com o valor da inflação, é possível concluir que todos os preços vão abrandar durante o período projetado, mas continuarão altos, afirma a FAO. Inclusive, para indústria de base da pesca, a volatilidade pode ser mais pronunciada, como resultado da oscilação de oferta e procura.

Como é esperado que a aquicultura represente a maior parte da entrega mundial de peixes do setor, o setor pode causar um forte impacto na formação de preço geral do segmento de pescado.

Fonte: https://www.peixebr.com.br