Para o pescador Zulmar Felício, da Barra da Lagoa, a safra da tainha em 2015, que se encerra hoje foi boa. Em dois lanços grandes próximo à Ilha do Arvoredo, em Governador Celso Ramos, ele diz ter capturado cerca de oito toneladas do peixe mais querido do inverno.
— Para mim foi bom, apesar de ter começado mais tarde, mas alguns pescadores não pegaram nem o suficiente para comer — conta seu Zulmar, que ficou sem pescar em 2014 devido à proibição do uso da rede anilhada na pesca da tainha, que afetou 102 embarcações no ano passado.
O resultado do pescador Gentil Manoel Cabral, dos Ingleses, é ainda mais expressivo. Ele conta que pegou 12 toneladas de tainha.
— O maior lanço deu quatro toneladas. Foi perto da Ilha do Badejo — lembra.
No acumulado, os pescadores artesanais de Santa Catarina pegaram cerca de 1.311 toneladas de tainha, segundo as contas do presidente da Federação de Pescadores de Santa Catarina, Ivo da Silva. Os números podem aumentar até o fim do dia, mas o representante garante que ficará nessa média. Por pouco não foi batida a meta, estipulada pela Federação em 1.500 toneladas.
— A praia vitoriosa foi a Barra da Lagoa, onde cerca de 26.900 peixes encheram a rede dos pescadores. A comunidade vai receber o troféu hoje à noite no Costão do Santinho. Também estive em Brasília revendo a portaria para que ano que vem os 40 barcos que não conseguiram licença também possam pescar — garante o representante da categoria.
Em 2015, foram 77 barcos atuando — 40 ficaram de fora por não conseguirem licença para a pesca. Na pesca industrial, foram 10 eliminadas.
Não está diminuindo
Em comparação ao ano passado, 2015 teve saldo discreto, mas positivo. Isso porque foram 1.100 toneladas de tainha oriundas da pesca artesanal no ano passado. O melhor número foi registrado em 2007, quando 6.386 toneladas fizeram a festa das comunidades pesqueiras.
Com base no consumo das empresas processadoras, o vice-presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Fernando Pinto das Neves, estima-se que a pesca industrial tenha faturado 2.800 toneladas de tainha.
— Houve uma leve melhora em relação ao ano passado, apesar de terem aumentado as medidas restritivas à pesca, tanto de embarcações, quanto de prazo, inferior a 15 dias na frota industrial. Então é sinal de que o peixe não está diminuindo, conforme se imaginava. Os comitês do Ministério da Pesca devem levar isso em consideração para o ano que vem — avalia.
Clima não favoreceu
O professor de Engenharia Ambiental e Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Paulo Schwingel, coordena o Grupo de Estudos Pesqueiros e está consolidando os dados da safra da tainha em 2015. Nas próximas semanas, o resultado será divulgado. Apesar da expectativa positiva e da melhora em relação ao ano anterior, o professor diz que o clima não ajudou:
— Tivemos frentes frias estacionárias que permaneceram duas semanas paradas, fazendo com que chovesse por quinze dias seguidos em alguns lugares. Além da chuva, estamos em um inverno muito quente. E quando as frentes frias são escassas, de fraca intensidade e pequena duração, a pesca da tainha sai prejudicada — explica.
Partiu anchova
Há cerca de duas semanas, seu Zulmar tirou as redes de tainha do barco.
— O negócio, agora, é a anchova — assinala o pescador.
— Os surfistas até já voltaram para a água nos Ingleses. É hora de mudar o foco — complementa o pescador Gentil.
Na pesca da anchova, são utilizadas redes de espera afastadas das praias ou perto de costões rochosos. O peixe também é capturado com vara e linha com anzol.
Fonte: http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br