Seca do São Francisco dificulta navegação e faz peixes sumir

Seca do São Francisco dificulta navegação e faz peixes sumirO Velho Chico já não é mais o mesmo.

“Todo canto tem seca, seca, quando eu era criança não via esse tipo de coisa”, diz o pescador Sebastião Ângelo da Silva.

Como não chove o suficiente em Minas, onde está a nascente do rio, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco foi autorizada a guardar água para gerar energia. A Chesf reduziu a vazão do Rio para 900m³ por segundo, o menor nível da história.

“Se essas vazões continuarem baixas, todas essas questões ligadas à dinâmica do rio, aos seres vivos que vivem no rio e ao próprio uso do homem do rio tendem a piorar, o rio está tão rasinho que dá até para ver o fundo”, observa o geólogo Luiz Carlos Fontes.

Na divisa dos estados de Sergipe e Alagoas a situação é crítica. As condições de navegação são tão ruins que até os pilotos mais experientes, mais antigos, têm dificuldade para passar. Em alguns trechos do rio a profundidade não chega a poucos centímetros. E aí o que acontece? O barco tem que parar e os ocupantes se equilibrar na lama e seguir o restante do trajeto caminhando. Em um trecho hoje raso, a profundidade já chegou a 15 metros.

O Velho Chico não tem força para levar para o mar a areia que cai dos barrancos. Daí, ela vai se acumulando e forma ilhas, que mais parecem fazendas, com gado e pasto farto, em pleno leito do rio.

“De primeiro tinha muito peixe que a gente pegava, fartura! Nós vendíamos, comíamos, dávamos, mas agora sumiu o peixe”, diz o pescador Cláudio Gonzaga da Silva.

Peixe mesmo só nos tanques, e olhe lá.

“Tem 30 anos para cá que eu estou lidando com peixe e nunca tinha visto uma crise dessa”, explica o piscicultor Gilton Gomes.

Os produtores de arroz também estão sofrendo. O plantio está atrasado. O rizicultor José Carlos calcula o prejuízo:

“É muito prejuízo, nada, nada, aqui foi 1.500 contos de prejuízo, isso sai de nosso bolso, a nossos custos”, lamenta.

“Eu mesma me sinto assim muito triste porque a água do rio, se acabar, vamos viver de quê?”, diz a dona de casa Maria Linda Santana Marinho.

Fonte: http://g1.globo.com