Corumbá, a 419 quilômetros de Campo Grande, município destaque de pesca no Estado, já não vive mais a abundância da piscicultura de anos passados. Com a escassez de peixes na região, a população começa a importar o produto, principalmente na Semana Santa.
Sem chuva, a quantidade de peixes diminuiu e, consequentemente, o número de pescadores também. O que antes beirava a 50 mil pescadores amadores, por ano na região, agora oscila entre 20 mil e 23 mil.
Desde 1998, os corumbaenses não são beneficiados com as cheias abundantes no Pantanal, o que é determinante para a presença de peixes nos rios.
A Marinha Brasileira registrou que de 1900 até 1960 as cheias no Pantanal variavam com frequência, sendo forte em alguns anos e em outras a seca tomava conta. Já entre 1960 e 1974, as cheias foram muito pequenas.
Porém, depois de 14 anos de baixa nos rios, as enchentes inundaram a região durante 25 anos, entre 74 e 98. “As cheias eram tantas que a bacia leiteira foi pro brejo”, brincou Emiko.
Mas a natureza, caprichos, a mudou o curso novamente e desde 1998, foram pouquíssimas os anos de cheia, o que fez a produção de peixes no Pantanal cair drasticamente.
“A produção de peixes depende das inundações. Desde 98, não temos cheias constantes e a produção caiu muito”, explica a bióloga e chefe da Empraba (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Pantanal) Pantanal, Emiko Resende.
Segundo Emiko, a população tem importado peixes justamente por causa da escassez e isso tem sido feito a partir de tanques de piscicultura na região.
“Aqui temos poucos tanques, então os moradores importam da região. É difícil manter tanques em locais que inundam. E na parte alta da cidade a situação é restrita, com pouca água, por ser uma região de morrarias. Piraputanga (município)seria um dos locais que poderiam produzir, mas não é grande”.
Não é possível prever como serão os próximos anos no Pantanal. “Na minha opinião, acho que é difícil se repitir os 25 anos de cheias constantes no Pantanal, como acontece entre 74 e 98”, afirmou Emiko.
Com a sequência de eventos extremos registrados pela meteorologia, é arriscado prever as chuvas. “Não sabemos como será”, diz Emiko.
Fonte: http://www.aquidauananews.com