“A tilápia não deve ser considerada ameaça para os peixes nativos, mas uma alternativa socioeconômica para o desenvolvimento do Brasil como país fornecedor de proteínas animais”. Esta afirmação é dos autores do trabalho “The way of environmental regularization on Tilapia farmed in neotropical reservoirs in Brazil” (A forma de regularização ambiental da tilápia cultivada em reservatórios neotropicais no Brasil), publicado em 14 de abril de 2021 no site da revista Science.
O texto, assinado pelo prof. Bruno Olivetti Mattos, do Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e contribuição do prof. Marcos Ferreira Brabo, da Universidade Federal do Pará; prof. Eduardo Antônio Sanches e o estudante de PhD Ricácio Luan Marques Gomes, ambos do Departamento de Engenharia de Pesca e Aquicultura e Centro de Aquicultura da Universidade de São Paulo; e Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), rebate, com argumentos científicos, a e-letter publicada no site da Science em janeiro de 2021, que colocou a tilápia como uma ameaça aos peixes nativos no Brasil.
“A aquicultura é uma das atividades de produção de alimentos de origem animal mais promissoras do mundo, segundo a FAO/ONU”, diz o texto, assinado pelo professor Bruno Olivetti Mattos. “Apesar de sua importância econômica e social, há pontos de vista divergentes sobre essa realidade, como o artigo ‘A criação de tilápia ameaça as águas do Brasil’, publicada no site da Science, em janeiro de 2021. Nesse conteúdo, os autores deixam dúvidas sobre o tema e não fica claro porque a produção de tilápia pode ser uma ameaça às águas do Brasil. Alguns pontos levantados parecem ser mais opinião do que dados científicos que servem de base para tais conclusões”, rebate os autores, destacando que “apresentamos de forma concisa e eficaz a realidade que ocorre no país, considerando os resultados observados ao longo dos anos no setor da aquicultura”.
O artigo do professor Bruno Olivetti Mattos e colaboradores também detalha a legislação brasileira relacionada à produção de tilápia e de peixes nativos, destacando a exigência para limites da produção de tilápia tendo, exatamente, o objetivo de preservar as espécies nativas. Essas rígidas normas “contribuem para tornar a produção de peixes de cultivo mais ágil no Brasil, gerando mais empregos, renda e volume de produção, além de desenvolvimento sustentável, inclusão social e segurança alimentar”.
O texto também informa que a produção de peixes exóticos, como a tilápia, ocorre desde 1952 – há, portanto, 70 anos –, seguindo regulamentação dos órgãos federais competentes. O documento cita, inclusive, determinação do IBAMA em 1998 e em 2003 reconhecendo a presença de espécies exóticas (como a tilápia) em meios ambientes naturais e na infraestrutura de usinas hidrelétricas e lagos das usinas. “Somente 1% das áreas dos reservatórios pode ser usada com esse objetivo. Nenhum corpo aquático atingiu até o momento essa capacidade, o que demonstra a necessidade de promover a produção de peixes de cultivo de maneira sustentável”.
O conteúdo do prof. Bruno Olivetti Mattos e colaboradores no site da revista Science pode ser acessado na íntegra no link: science.sciencemag.org/content/371/6527/356/tab-e-letters
Fonte: https://www.peixebr.com.br